A escolha do nome papal é um dos primeiros e mais simbólicos gestos de um novo pontífice. Nesta quinta-feira (8), com a fumaça branca saindo da Capela Sistina, o mundo conheceu o sucessor de Francisco: o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, que adotou o nome Leão XIV, trazendo à tona um peso histórico e espiritual de grandes proporções.
Antes dele, o último a adotar o nome Leão foi Gioacchino Pecci, eleito em 1878 como Leão XIII. Já o primeiro papa a escolhê-lo foi ninguém menos que São Leão Magno (Leão I), uma das figuras mais emblemáticas da história da Igreja Católica, conhecido por sua coragem, sabedoria doutrinária e habilidade diplomática.
O nome "Leão" carrega uma herança de força, liderança e sabedoria espiritual. A referência direta é a São Leão Magno, que ocupou a Cátedra de Pedro entre 440 e 461 d.C. e foi fundamental na consolidação da doutrina cristã durante os primeiros séculos da Igreja. Foi também ele quem enfrentou, com diplomacia, a ameaça de Átila, o Huno, impedindo a invasão de Roma, e estabeleceu bases importantes para o entendimento da natureza de Cristo no Concílio de Calcedônia.
São Leão Magno é reconhecido como Doutor da Igreja, título concedido a poucos e reservado àqueles cujos ensinamentos foram cruciais para o cristianismo. A escolha de Prevost por este nome é um indicativo de que seu papado poderá se inspirar nos pilares da tradição e, ao mesmo tempo, agir com firmeza diante dos desafios modernos.
Leão XIII, nome escolhido por Gioacchino Pecci, foi papa entre 1878 e 1903. Considerado um dos papas mais intelectuais da história, seu pontificado é lembrado por um espírito inovador, especialmente ao tentar aproximar a Igreja das questões sociais emergentes no século XIX.
Entre suas principais contribuições, destacam-se:
Encíclica Rerum Novarum (1891) – Marco da Doutrina Social da Igreja, abordou a condição dos trabalhadores, o direito à propriedade privada e a necessidade da justiça social.
Promoção do diálogo com o mundo moderno – Incentivou a integração entre fé e razão, valorizando a filosofia tomista e promovendo a abertura às ciências e ao pensamento moderno.
Reformas educacionais – Restaurou o ensino de Santo Tomás de Aquino como base da teologia católica e reformou os seminários e universidades católicas.
Diplomacia ativa – Trabalhou para reestabelecer relações da Santa Sé com diversos governos após o período conturbado do século XIX.
Devoção mariana – Escreveu diversas encíclicas sobre o Rosário, fortalecendo a oração como base espiritual dos fiéis.
Ao adotar o nome Leão XIV, o novo papa dá um sinal claro da direção que pretende seguir: ancorada na tradição, mas com disposição para o diálogo com os tempos atuais — um reflexo direto do legado de Leão XIII e da firmeza doutrinária de Leão I.
Com a Igreja enfrentando desafios como a perda de fiéis, escândalos de abuso e a necessidade de reformas estruturais, o nome Leão pode representar não apenas coragem, mas também compromisso com uma liderança enraizada na fé, justiça social e proximidade com os povos.
Robert Prevost, com seu passado missionário no Peru e seu perfil discreto, reformista e canonista, assume o papado em um momento histórico — tanto pela origem (EUA), quanto pelo contexto pós-Francisco. Os próximos passos de Leão XIV serão acompanhados com atenção por mais de 1,3 bilhão de católicos em todo o mundo.
Mín. 25° Máx. 26°