Faltam 50 Dias para o São João de Terra Nova: A Festa Vai Além do Palco

Faltam 50 dias para o São João.

E enquanto muitos contam os dias esperando a grade de atrações, o palco montado ou o nome famoso que vai fechar a noite no MegaShow, eu — como bom terranovense de 35 anos, nascido, criado e apaixonado por esse pedaço de chão — me pego contando diferente: conto os dias para rever meus amigos, abraçar minha família, escutar um forrozinho na caixinha de som da varanda e me perder nas lembranças de tantos junhos vividos em Terra Nova.

Com pouco menos de 11 mil habitantes, Terra Nova é uma das poucas cidades do mundo que sabe viver o São João com a alma. E não é exagero. Em 2025, nossa cidade se aproxima dos 64 anos de fundação, e a cada novo ciclo junino, essa celebração ganha mais força, mais significado, mais emoção.

Nos últimos 15 ou 20 anos, o São João de Terra Nova se tornou não apenas a maior festa da cidade, mas um verdadeiro símbolo da nossa identidade. Junho por aqui é mais do que forró, é movimento econômico, é reencontro, é tradição. É o mês em que os filhos da terra retornam ao ninho, e os que ainda não conheciam se apaixonam pela nossa forma de viver a vida.

Este ano, rumores e preocupações sobre uma possível redução na estrutura ou qualidade da festa pairam no ar. Fala-se em atrações mais modestas, estrutura mais enxuta. E, sim, a apreensão é compreensível. Afinal, menos visitantes significa menos movimento no comércio, menos agendamentos para salão de beleza, menos venda de comidas típicas, menos economia girando.

Mas Terra Nova nunca foi feita de megashows. Terra Nova é feita de histórias, de risadas na calçada, de licor na ‘caneca de esmalte’, de milho assando na fogueira e das gargalhadas ao redor da fogueira. O povo de Terra Nova transforma um aniversário de boneca num grande evento. E isso não é figura de linguagem — é identidade.

A gente se apega tanto ao palco que esquece que o verdadeiro espetáculo acontece nos bastidores. O São João de verdade mora nas conversas entre amigos que não se veem há anos. Está nas confissões ao pé da fogueira, nas lembranças das quadrilhas da escola, nas roupas xadrez passadas com carinho, nos causos contados em volta do fogo, nas palmas marcando o ritmo de um forró improvisado no celular.

Como escrevi em outro artigo, o terranovense faz festa com um simples bate-lata. Com ou sem palco, com ou sem trio, a gente dá um jeito. Porque, no fundo, o que nos une é maior do que qualquer atração. O que nos move é o reencontro. O que nos sustenta é a lembrança. O que nos define é o pertencimento.

Faltam 50 dias para o São João!

Que esses dias sejam vividos com responsabilidade, não apenas com a festa, mas com a essência do que ela representa. Preparemos nossas casas, sim. Arrumemos a rua, coloquemos bandeirolas, separemos o chapéu de palha. Mas, sobretudo, preparemos nossos corações.

A fogueira pode ser pequena, o som pode ser um celular, o palco pode não ter a banda da moda. Mas se tiver abraço apertado, riso sincero e uma mesa cheia de histórias, então teremos mais um São João perfeito em Terra Nova.

O São João de Terra Nova não é apenas uma festa. É uma declaração de amor à memória, ao encontro e à cultura. E é isso que nos torna diferentes. Que em 2025, com estrutura grande ou não, nunca esqueçamos o que faz essa festa ser a melhor do Brasil: o nosso jeito de ser terranovense.